domingo, 31 de janeiro de 2016

Confraria ISG - SP - I Encontro - 20/01/2016


 

            O Blog O Mundo e o Vinho é uma criação do enófilo e “sommelier amador” Fábio Romão Prado (este que vos escreve). Recentemente, o blogueiro e criador da página teve o orgulho de participar e ser aprovado na primeira turma da renomada instituição norte-americana ISG – International Sommelier Guild. E, como forma de manter os vínculos criados nas aulas em momentos mais descontraídos e também aperfeiçoar os conhecimentos obtidos, foi criada a Confraria ISG-SP, a qual se reunirá mensalmente para apreciação e aprendizado sobre regiões vinícolas e seus rótulos mais emblemáticos.

 

            O primeiro encontro da Confraria ocorreu na data 20/01/2016, onde o tema eleito pelo grupo foi a cepa branca Alvarinho. Vamos discorrer um pouco sobre a mesma neste post e, em seguida, falaremos sobre os rótulos degustados.

 

 

 

A Alvarinho

 

            Originária da Galícia e do norte de Portugal, a cepa branca Alvarinho é a uva por trás dos grandes “vinhos verdes” portugueses. É uma casta de vigor moderado, e apresenta alto índice de fertilidade. Dá-se melhor em terrenos secos, e apresenta brotação e maturação bastante precoces. Muito suscetível às pragas fúngicas do oídio e do míldio (peronóspora).É plantada em diversas regiões no mundo, porém encontra sua melhor expressão nas regiões lusitanas de Monção e Melgaço.

 

 

 

Alvarinho.

 

 

 

Tratam-se de vilas com mais de 700 anos de existências, originadas no entorno dos castelos de Monção e Melgaço, respectivamente, construídos como foco de resistência portuguesa ante a retaliações dos reinos de Castela e Aragão, quando da independência do Condado Portucalense. O verdadeiro Alvarinho é originário de Monção: seu microclima é aquele que consegue extrair o melhor resultado das vinhas. No entanto, seja pelo investimento em enoturismo, seja pela crescente qualidade dos seus produtos, Melgaço também tornou-se produtora de excepcionais rótulos varietais da cepa.

 

 

 

 

Castelo de Monção.

 

 

            O primeiro vinho varietal de Alvarinho produzido foi o Casa de Rodas, no início dos anos 1920; já a Vinhos de Monção, a primeira empresa especializada nesta uva, com a marca Cepa Velha. Esta produtora, em conjunto com a Adega Cooperativa de Monção e a Palácio da Brejoeira, investiram no perfil da uva, obtendo resultados excepcionais.

 

            Há uma festividade própria para a uva em Portugal, a Festa do Alvarinho e do Fumeiro, realizada em Abril desde 1994 e visa promover os produtos locais, como o presunto, o chouriço, a broa e o mel, além, claro, dos vinhos.

 

 


 

Cartaz da Festa do Alvarinho e do Fumeiro 2016.

 

 

            Na Espanha, a Albariño – seu nome hispânico – atinge altos níveis de qualidade na DO Rias Baixas, na Galícia, próximo à Cambados, Condado do Tea e em Barbanza e Iria. Até 1985, a Albariño era comumente parte de blends produzidos na Galícia, dificilmente sendo a cepa predominante, o que começou a mudar a partir deste ano, com a criação da DO Rias Baixas.

 

 


DO Rias Baixas, Espanha.

 

            Além da península Ibérica, também a região norte-americana da Califórnia tem explorado a uva, em especial nas sub-regiões – AVAs - de Santa Ynez Valley, Clarksburg e Los Carneros. A cepa também despertou o interesse de vinicultores australianos: muitos produziram diversos rótulos estampados “Albariño” quando, em 2008, após a visita de um especialista francês à Austrália, foram constatados após testes de DNA que as uvas plantadas no país eram, na verdade, a cepa branca “francesa” Savagnin. Quase todos os vinhos australianos rotulados como “Albariño” são, na verdade, varietais de Savagnin!

 

 

 

Vinho Degustado: Anselmo Mendes – Muros Antigos Alvarinho 2014:

 

 

 


            Localizada na região de Monção, a adega surgiu em 1998 e sempre teve o seu perfil voltado à Alvarinho. Foi fundada por Anselmo Mendes, renomado enólogo português, que produz vinhos em outras regiões de Portugal, e estendeu seus trabalhos também à Argentina e ao Brasil.

 


Análise Visual:

Visual límpido, de baixa intensidade, apresentando borda incolor e núcleo amarelo palha;


Análise Olfativa:

Aroma de alta intensidade, primário, remetendo a frutas cítricas maduras, maracujá e algo floral;


Análise Gustativa:

Seco, de alta acidez e intensidade, apresenta sabores cítricos e de maracujá. O corpo é médio, bem como o seu álcool. Persistência média.

 


Considerações Finais:

Frutado, ácido e leve. Boa companhia para bacalhau e peixes fluviais, bem como petiscos à base de frutos do mar.

 


Pontuação: 88 FRP






Vinho Degustado: Quinta de Gomariz Alvarinho 2013:

 

 


 

 

            A Quinta de Gomariz localiza-se no coração da região dos Vinhos Verdes, e utiliza-se de modernas técnicas para extrair o máximo potencial da Alvarinho. Propriedade do renomado produtor regional Manuel Sá.


Análise Visual:

O seu visual é límpido, de muito baixa intensidade, apresentando borda incolor e núcleo amarelo palha com reflexos dourados;

 


Análise Olfativa:

Aroma de média intensidade, primário, remetendo a maracujá, abacaxi e um belo toque herbáceo;


Análise Gustativa:

Seco, de média intensidade e acidez no palato, apresenta sabor ligeiramente cremoso e algo de grama cortada. Corpo e álcool médios, persistência média para baixa.

 

 
Considerações Finais:

Gastronômico, ao mesmo tempo herbal e cremoso, interessante. Sugestão de harmonização: ceviche e massas com frutos do mar.



Pontuação: 90 FRP






Vinho Degustado: Palácio de Fefiñanes Albariño 2013:


 


 

 

 

            Talvez o maior nome do Albariño espanhol, Fefiñanes surgiu em 1904, engarrafando seu Albariño de Fefiñanes pela primeira vez em 1928. Produzido na DO Rias Baixas, a sede é uma bela construção do século XVI, localizada em Cambados. A produção está sob responsabilidade da conceituada enóloga Cristina Mantilla.

 

 

Análise Visual:

Visual límpido, de baixa intensidade, borda incolor e núcleo amarelo palha com reflexos esverdeados;



Análise Olfativa:


Aroma de alta intensidade, primário, remetendo a bala toffee, notas defumadas e de limão;



Análise Gustativa:

Seco, de alta acidez e média intensidade, apresenta sabor deliciosamente defumado, toques cítricos e minerais. Corpo de média intensidade, álcool de baixa intensidade. Boa persistência.

 


Considerações Finais:

Elegante, muito bem produzido, mineralidade interessante. Diretrizes enogastronômicas: arroz, massas e aperitivos à base de frutos do mar.

 


Pontuação: 92 FRP






Vinho Degustado: Palácio da Brejoeira Alvarinho 2013:







              Um dos grandes ícones do mundo do vinho, o Palácio da Brejoeira foi mandado erigir em 1806 por Luis Pereira Velho de Moscoso, ficando pronto 28 anos mais tarde, ao sul da região de Monção. Declarado monumento nacional em 1910, foi vendido vinte anos depois para a família da atual acionista majoritária Hermínia de Oliveira Paes. A partir de então, inicia-se a produção e comercialização de seu afamado vinho. Sua sede é, sem dúvida, um dos monumentos mais belos da arquitetura portuguesa. Possui uma galeria de artes renomada.



Análise Visual:


Visual límpido, de baixa intensidade, borda incolor, com núcleo amarelo palha, pendendo ao dourado;

 

Análise Olfativa:

Aroma de alta intensidade, secundário, de grama cortada e “xixi de gato”;


Análise Gustativa:

Seco, de média intensidade e alta acidez, possui sabor herbáceo e também mineral, apresentando corpo e álcool de alta intensidade. Boa persistência.


Considerações Finais:

Intenso, com certa evolução, austero. Um vinho que faz jus à sua fama. Acompanha muito bem bacalhau em postas, carnes brancas em geral, sushis e crustáceos em geral.

 

 

Pontuação: 95 FRP


 

2 comentários:

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