Cerveja, a bebida mais associada,
indiscutivelmente, ao rock. Em shows,
pubs e bares temáticos com som ao vivo, ela está lá, sendo consumida em
dezenas, centenas, milhares de litros. Nada mais natural, portanto, que muitos
dos grandes artistas e bandas do gênero gerem receitas adicionais com a criação
de fermentados de cevada, malte e lúpulo associados aos seus nomes.
No Brasil,
onde a cerveja é item praticamente obrigatório em festas, shows e eventos e o
consumo de vinho está muito aquém dos índices registrados em diversos países,
pode soar estranho que os rockstars
por vezes optem por lançar vinhos atrelados a eles. No entanto, a prática é
relativamente comum na Europa, Austrália e EUA, regiões onde a relação das
pessoas com a bebida é mais “franca” e “popular”, um pouco diferente da visão
cultural de boa parte dos brasileiros quanto ao “elitismo” da bebida (visão
que, aos poucos, felizmente, vêm sendo vencida).
Em geral
tratam-se de produtos simples, mas bem feitos, que para muitos servem mais como
itens de coleção. Neste post apresentaremos alguns dos principais rótulos os quais levam o nome de artistas de
renome internacional; portanto, não serão mostradas personalidades do mundo do rock que dedicam parte de sua vida à
produção de seus próprios rótulos. Para tal, o blog publicará, esporadicamente,
posts relacionados a um artista específico.
So, let’s
wine’n roll!
Slayer:
A banda
estadunidense de thrash metal (vertente
do heavy metal caracterizada pela
velocidade e “fúria” da sonoridade) possui um vinho de apresentação
interessante: o varietal Cabernet Sauvignon, produzido na Califórnia – região
de origem da banda – vêm acondicionado em uma embalagem em formato de caixão,
muito bem feita. O nome do rótulo? Reign
in Blood, disco de maior sucesso da banda e aclamado, por boa parte da
crítica especializada, como o maior clássico produzido dentro do gênero.
Segundo o site da banda, “o vinho é descompromissado como a banda”. Possui
aromas de frutas negras e notas de especiarias e de baunilha (o que denota
passagem por barricas de carvalho).
Slayer – Reign in Blood Cabernet Sauvignon 2010.
Slayer - Reign in Blood:
Whitesnake:
A banda britânica
de heavy metal formada em 1978
arrebatou fãs pelos anos 80, em especial com as canções “Love Ain’t No Stranger”, do álbum Slide It In, de 1984, e Is
This Love, do álbum Whitesnake,
de 1987. No entanto, seu vinho é um varietal de uma cepa que, certamente,
divide o coração dos enófilos: seu Zinfandel californiano, produzido pela
vinícola De La Montanya ,
é vinificado como tinto e, segundo o site da banda, ele é “um vinho encorpado e
um tanto quanto insolente, cheio até a borda com a essência picante da sexy e
escorregadia cobra”.
Whitesnake Zinfandel
2008.
Whitesnake - Fool for Your Loving:
AC/DC:
A Austrália
é grande produtora e consumidora de vinho. E, mesmo que a origem de seus
membros remonte à Grã-Bretanha, a grande banda de hard rock é sempre associada à terra dos cangurus. Cangurus e
vinhos de opulência próxima aos do Velho Mundo: seus melhores rótulos costumam
ser muito bem avaliados e atingem preços por vezes exorbitantes no mercado.
Cientes da fama internacional do país e, claro, da banda, o AC/DC, em conjunto
com a vinícola Warburn Estate, produziu cinco rótulos que sintetizam tanto o
talento dos australianos com estes varietais quanto os aliam a 5 músicas que, certamente,
estão entre as mais representativas da banda:
- “Highway
to Hell” Cabernet Sauvignon (do álbum Highway
to Hell, de 1979, certamente o mais conhecido da banda);
- “You Shook Me All Night
Long” Moscato (também do álbum Back in Black);
- “Back in Black” Shiraz (do álbum Back in Black, de 1980, um dos mais vendidos da história);
- “Thunderstruck”
Chardonnay (do álbum “The Razors Edge”,de
1990); e
- “Hells Bells” Sauvignon
Blanc (idem). Este último é exceção: é produzido na região de Marlborough,
na vizinha Nova Zelândia, pátria de poderosos vinhos desta cepa.
Infelizmente,
somente são produzidos atualmente os três últimos.
Os
vinhos do AC/DC.
AC/DC - Highway to Hell:
Motörhead:
A banda de heavy metal, formada em junho de 1975 e recentemente dissolvida
após o falecimento do vocalista e baixista Lemmy Kilmister, é responsável por
ostentar dois rótulos varietais da cepa Shiraz: ambos produzidos na Austrália,
um vinificado como tinto, bastante encorpado e com especiarias e o outro, como
rosado (rosé), leve e ideal para acompanhar pratos leves. Interessante notar
que o whisky, bebida preferida do icônico vocalista, não teve, antes de sua
morte, nenhum rótulo associado a banda (este ano foi lançada edição especial do
Tennesse Whiskey Jack Daniel’s).
Motörhead
Shiraz, tinto e rosé.
Iron Maiden:
A origem do Eddie’s Evil Brew, vinho
anualmente lançado pela clássica banda de heavy
metal, remonta a 1989: após o término da turnê mundial de divulgação do
álbum Seventh Son of a Seventh Son, o
baixista e líder da banda, Steve Harris, viajou para o sul de Portugal para
descansar. Steve sentiu falta, naquela região, de um pub ao estilo britânico, e abriu, no mesmo ano, o Eddie’s Bar
(referência ao mascote da banda, Eddie), em Santa Barbara de
Nexe, no Algarve.
Steve Harris, baixista e líder do Iron Maiden, em frente ao
recém-inaugurado Eddie’s Bar.
Em
Portugal, é tradição o bar possuir um “vinho da casa”, dada a tradição
vinhateira deste país. Com o Eddie’s Bar não foi diferente: no mesmo ano, foi
lançada a primeira edição do Eddie’s Evil Brew. Tratava-se de um vinho de mesa
francês, de produção simples, varietal da cepa tinta Merlot.
Primeira edição do Eddie’s Evil Brew.
Até 2008, o
vinho só podia ser adquirido no Eddie’s Bar; a partir deste ano, porém, o
produto passou a fazer parte do portfólio do site oficial da banda. A cada
“safra”, é impressa em seu rótulo a arte do álbum de trabalho da banda ou de
alguma turnê em andamento à época. A edição 2015 tem seu rótulo baseado no novo
disco da banda, The Book of Souls e
trata-se de um varietal Merlot, produzido no Chile.
Eddie’s Evil Brew
2015.
Iron Maiden - Seventh Son of a Seventh Son:
The Rolling
Stones:
Uma instituição britânica, os
Rolling Stones, desde a década de 1960 ainda exercem grande influência sobre as
mais diversas bandas, até mesmo de outros gêneros. E como em tudo o que envolve
seu nome (oficialmente falando), o seu vinho (Forty Licks) não deixaria a
desejar: trata-se de um varietal da cepa tinta Merlot produzido na região
americana de Mendocino, Califórnia, pela Wines That Rock. Apresenta bastante
tipicidade, com aromas de frutas negras e notas mentoladas, e sabor que remete
a ameixa, cereja, cedro, açúcar mascavo e canela. 20% de sua composição estagia
por 18 meses em barricas de carvalho francês.
Um vinho
poderoso. Como o som da banda.
The Rolling Stones Forty Licks Merlot 2012.
The Rolling Stones - Simpathy For The Devil:
Pink
Floyd:
Outro gigante do rock, outro belo vinho da Wines That Rock. A
também britânica Pink Floyd, com seus 50 anos de existência, permanece
inspirando jovens bandas, especialmente através de discos como The Dark Side of The Moon (1973), Wish You Were Here (1975) e The Wall (1979). Com seu som
progressivo, temáticas por vezes perturbadoras e canções executadas com extrema
perfeição e que parece melhorar ano após ano (como os bons vinhos de guarda), a
escolha da vinícola em dedicar o seu varietal da cepa tinta Cabernet Sauvignon
à banda não poderia ser mais correta: o Pink Floyd The Dark Side of the Moon
Cabernet Sauvignon, produzido também na região americana de Mendocino,
Califórnia, desde 2001, apresenta “poderosos aromas de groselha e cereja e
notas de baunilha e chocolate”. O vinho segue as diretrizes enogastronômicas
comuns aos vinhos desta cepa: carnes vermelhas, cordeiro e massas acompanhadas
de molhos vermelhos.
Um brinde
ao lado escuro da cor da uva.
Pink Floyd The Dark Side of The Moon Cabernet Sauvignon 2006.
Pink Floyd - Live 8 (Show Completo):
The
Police:
A banda, também britânica e responsável
por muitos hits da chamada era new wave (caracterizada por melodias
simples e temática cotidiana) como Roxanne,
Message in a Bottle, So Lonely e Every Breath You Take, possui um rótulo
dedicado a ela que, possivelmente, é o “vinho de banda de rock” com o corte
mais complexo de todos: o seu The Police Synchronicity (nome de um álbum da
banda, lançado em 1983) Red Wine Blend, possuía, na safra 2007, o seguinte
blend: 42.5% Carignan, 24.5% Zinfandel, 16.5%
Syrah, 10% Petite Syrah, 4% Grenache, 1.5% Viognier e 1% de um “mix” de
uvas brancas.
Trata-se
de mais um vinho produzido pela Wines That Rock em Mendocino, Califórnia, “frutado,
elegante e delicioso”. Sugestão de harmonização: assados e steaks.
The Police Synchronicity Red Wine Blend 2007.
The Police - Message In A Bottle:
Fontes:
Wines That
Rock:
Whiplash:
Metal and
Wine:
Papo de Bar:
Gostei bastante Fábio achei do Slayer bem excêntrico
ResponderExcluirCintia, as bandas de rock, e em especial as relacionadas à vertente "metal", são muito caprichosas com os seus produtos.
ExcluirCintia, as bandas de rock, e em especial as relacionadas à vertente "metal", são muito caprichosas com os seus produtos.
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