Iniciamos
com este post uma nova série no blog, intitulada Produtores. Esta série, com
posts esporádicos ao longo da existência deste site, pretende passar um pouco
da personalidade do produtor, seu legado para a indústria do vinho e SEMPRE a
avaliação de um ou mais de seus produtos.
Há muitas
lendas em torno da Vitis Vinifera.
Lendas em torno de lugares; de acontecimentos históricos; dos vinhos em si e,
claro, em torno de alguns de seus produtores. Renomados ou obscuros, a paixão
pela vinicultura os une e nos presenteia com produtos fabulosos, muitos dos
quais destinados a acompanhar momentos importantes de nossas vidas. Com base no
exposto, este blog produz seu primeiro capítulo da série: o autor dele teve sua
primeira experiência com um tinto da cepa Pinot Noir através deste vinicultor, cepa esta que serviu de porta de entrada para uma paixão por esta
casta que perdura até hoje. Seu nome: Alfredo Roca.
O Produtor
Bodega da família Roca
– anos 1930.
O início do
século XX viu a chegada de diversos imigrantes do sul europeu para a Argentina.
Entre eles, a família Roca, que seriam os futuros avôs de Alfredo, que fundaram
uma vinícola em 1912 na província de San Rafael, Argentina. Uma vez
estabelecidos na região, localizada ao sul de Mendoza, obtiveram certo sucesso
e transmitiram o gosto e paixão pela produção de vinhos aos seus filhos e
netos. Alfredo, um destes netos, viria a demonstrar grande interesse pelo
assunto, tendo formado-se em Enologia pelo Colegio Don Bosco em 1957.
Depois de
formado, Alfredo trabalhou por quase 20 anos em bodegas da região. Em 1976, em conjunto com uma família de Buenos
Aires que possuía vinhedos em San
Rafael, adquiriu a área hoje ocupada pela bodega
que leva o seu nome. Algum tempo depois, em um acordo com aquela família,
Alfredo adquiriu 100% da recém-fundada vinícola.
Bodega Alfredo Roca –
dias atuais.
Desde o
começo, Alfredo Roca privilegiou o cultivo de cepas de alta qualidade, em
especial as francesas, o que o diferenciava da maioria dos produtores da
região: a Argentina, àquela época, direcionava seu cultivo para “vinhos de
mesa”, de qualidade discutível e grande volume de produção. A vinícola estava
na direção certa: em 1987, seus vinhos varietais a base de Chenin Blanc e
Merlot receberam Medalha de Ouro em uma competição internacional de vinhos
realizada em Paris, França, bem como seu varietal Malbec, merecedor da Medalha
de Bronze. Alfredo e sua esposa, Gladys, aproveitaram a viagem até a Europa e
passaram 2 meses no Velho Continente visitando diversos países e regiões
vinícolas, o que trouxe muito aprendizado para Alfredo e confirmava, sob muitos
aspectos, que o direcionamento dado em sua bodega
estava correto.
Alfredo Roca e seu
filho, Alejandro, atual presidente e um dos enólogos da vinícola.
Atualmente,
Alfredo Roca continua participando da produção dos vinhos da sua vinícola
homônima. Porém, seu comando passou para seu filho Alejandro, que também atua
como um dos enólogos: logo demonstraria sua paixão, esforço e dedicação em
continuar elevando o nome da bodega
e, consequentemente, o de seu pai.
Seu Legado
Talvez
Alfredo Roca hoje não seja o maior nome do Malbec argentino, varietal tinto que
adquiriu ótima reputação mundial. Porém, quando seus avôs desembarcaram da
Europa na Argentina, no começo do século passado, traziam consigo esta cepa,
ainda incipiente na região. Sendo uma das pioneiras do Malbec, portanto, a famíia Roca, e em especial a partir de sua terceira geração com Alfredo, contribuiu para a valorização da cepa, através de estudos e trabalho focado no aprimoramento de sua qualidade, o que ajudou de forma significativa na "educação" do povo argentino quanto ao consumo de vinhos de qualidade, em detrimento aos produtos simples até então produzidos naquele país.
Alfredo Roca.
Vinho Degustado:
Alfredo Roca Family Reserve Malbec 2011 (San Rafael, Mendoza)
Análise Visual:
Visual límpido, de alta intensidade,
borda rubi, apresentando núcleo rubi-escuro;
Análise Olfativa:
Aromas de boa qualidade,
apresentando intensidade aromática média para alta; secundários, revelam
baunilha, tostado, chocolate amargo, fruta vermelha madura;
Análise Gustativa:
Seco, de acidez na média, taninos
médios, bem marcados; intensidade do sabor é alta, remetendo a amora preta,
notas defumadas, tostadas. Belo corpo, de média-alta intensidade, álcool médio,
com boa integração. Persistência média.
Considerações Finais:
Um típico Malbec argentino, que logo
mostra seu estágio de 12 meses em barricas de carvalho. Não tão corpulento como
a maioria dos seus congêneres, o que não é um defeito. Possui potencial para
evoluir algo entre 6 a
8 anos. Asado de tira, porco assado e
carne bovina em geral são sugestões para harmonização.
Pontuação: 90 FRP
Boa iniciatia Fabio, expandindo seus horizontes.
ResponderExcluirObrigado, Cintia.
ExcluirObrigado, Cintia.
ExcluirTive a oportunidade de experimentar este vinho e me apaixonei.
ResponderExcluirFico triste que não vendam no Estado da Bahia.
Adoraria poder aprecia-lo novamente.
jjspjr@hotmail.com