domingo, 1 de maio de 2016

Produtores: Alfredo Roca







            Iniciamos com este post uma nova série no blog, intitulada Produtores. Esta série, com posts esporádicos ao longo da existência deste site, pretende passar um pouco da personalidade do produtor, seu legado para a indústria do vinho e SEMPRE a avaliação de um ou mais de seus produtos.


            Há muitas lendas em torno da Vitis Vinifera. Lendas em torno de lugares; de acontecimentos históricos; dos vinhos em si e, claro, em torno de alguns de seus produtores. Renomados ou obscuros, a paixão pela vinicultura os une e nos presenteia com produtos fabulosos, muitos dos quais destinados a acompanhar momentos importantes de nossas vidas. Com base no exposto, este blog produz seu primeiro capítulo da série: o autor dele teve sua primeira experiência com um tinto da cepa Pinot Noir através deste vinicultor, cepa esta que serviu de porta de entrada para uma paixão por esta casta que perdura até hoje. Seu nome: Alfredo Roca.




O Produtor


Bodega da família Roca – anos 1930.



            O início do século XX viu a chegada de diversos imigrantes do sul europeu para a Argentina. Entre eles, a família Roca, que seriam os futuros avôs de Alfredo, que fundaram uma vinícola em 1912 na província de San Rafael, Argentina. Uma vez estabelecidos na região, localizada ao sul de Mendoza, obtiveram certo sucesso e transmitiram o gosto e paixão pela produção de vinhos aos seus filhos e netos. Alfredo, um destes netos, viria a demonstrar grande interesse pelo assunto, tendo formado-se em Enologia pelo Colegio Don Bosco em 1957.


            Depois de formado, Alfredo trabalhou por quase 20 anos em bodegas da região. Em 1976, em conjunto com uma família de Buenos Aires que possuía vinhedos  em San Rafael, adquiriu a área hoje ocupada pela bodega que leva o seu nome. Algum tempo depois, em um acordo com aquela família, Alfredo adquiriu 100% da recém-fundada vinícola.





Bodega Alfredo Roca – dias atuais.



            Desde o começo, Alfredo Roca privilegiou o cultivo de cepas de alta qualidade, em especial as francesas, o que o diferenciava da maioria dos produtores da região: a Argentina, àquela época, direcionava seu cultivo para “vinhos de mesa”, de qualidade discutível e grande volume de produção. A vinícola estava na direção certa: em 1987, seus vinhos varietais a base de Chenin Blanc e Merlot receberam Medalha de Ouro em uma competição internacional de vinhos realizada em Paris, França, bem como seu varietal Malbec, merecedor da Medalha de Bronze. Alfredo e sua esposa, Gladys, aproveitaram a viagem até a Europa e passaram 2 meses no Velho Continente visitando diversos países e regiões vinícolas, o que trouxe muito aprendizado para Alfredo e confirmava, sob muitos aspectos, que o direcionamento dado em sua bodega estava correto.



Alfredo Roca e seu filho, Alejandro, atual presidente e um dos enólogos da vinícola.


           
            Atualmente, Alfredo Roca continua participando da produção dos vinhos da sua vinícola homônima. Porém, seu comando passou para seu filho Alejandro, que também atua como um dos enólogos: logo demonstraria sua paixão, esforço e dedicação em continuar elevando o nome da bodega e, consequentemente, o de seu pai.



Seu Legado


            Talvez Alfredo Roca hoje não seja o maior nome do Malbec argentino, varietal tinto que adquiriu ótima reputação mundial. Porém, quando seus avôs desembarcaram da Europa na Argentina, no começo do século passado, traziam consigo esta cepa, ainda incipiente na região. Sendo uma das pioneiras do Malbec, portanto, a famíia Roca, e em especial a partir de sua terceira geração com Alfredo, contribuiu para a valorização da cepa, através de estudos e trabalho focado no aprimoramento de sua qualidade, o que ajudou de forma significativa na "educação" do povo argentino quanto ao consumo de vinhos de qualidade, em detrimento aos produtos simples até então produzidos naquele país.




Alfredo Roca.





Vinho Degustado: Alfredo Roca Family Reserve Malbec 2011 (San Rafael, Mendoza)







Análise Visual:

Visual límpido, de alta intensidade, borda rubi, apresentando núcleo rubi-escuro;


Análise Olfativa:

Aromas de boa qualidade, apresentando intensidade aromática média para alta; secundários, revelam baunilha, tostado, chocolate amargo, fruta vermelha madura;


Análise Gustativa:

Seco, de acidez na média, taninos médios, bem marcados; intensidade do sabor é alta, remetendo a amora preta, notas defumadas, tostadas. Belo corpo, de média-alta intensidade, álcool médio, com boa integração. Persistência média.


Considerações Finais:

Um típico Malbec argentino, que logo mostra seu estágio de 12 meses em barricas de carvalho. Não tão corpulento como a maioria dos seus congêneres, o que não é um defeito. Possui potencial para evoluir algo entre 6 a 8 anos. Asado de tira, porco assado e carne bovina em geral são sugestões para harmonização.




Pontuação: 90 FRP



4 comentários:

  1. Boa iniciatia Fabio, expandindo seus horizontes.

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  2. Tive a oportunidade de experimentar este vinho e me apaixonei.
    Fico triste que não vendam no Estado da Bahia.
    Adoraria poder aprecia-lo novamente.
    jjspjr@hotmail.com

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