segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Pfalz




 


Vinícola Ganz.

  

            Em um mundo aonde as mudanças climáticas, aos poucos, vêm redefinindo as áreas cultiváveis, a descoberta de novas áreas atraentes ao plantio de Vitis Vinifera envolve até mesmo os países os quais supostamente encontram-se com seus territórios “esgotados” em termos de possibilidades. Territórios antes dominados pelo plantio de cepas brancas tornam-se atrativos, aos poucos, ao plantio de cepas tintas.

            Um dos países mais “beneficiados” com esta nova situação é a Alemanha. Tradicional produtora de vinhos brancos de altíssima qualidade, as alterações climáticas vêm tornando seu território, especialmente ao sul, interessante para o cultivo de cepas tintas mais resistentes ao frio. E, somado ao crescente interesse de todos os produtores em produzir vinhos de qualidade, têm tornado tais regiões um berço de interessantes rótulos, que exploram as novas possibilidades sem abandonar os antigos cultivos, todos beneficiados pelo crescente desejo de “reconquista” do prestígio do vinho germânico. Uma das líderes desse movimento é a região de Pfalz.




Sua História


            Pfalz (ou Palatinado) foi povoada inicialmente por populações de origem celta. Por volta de 12 a.C., sob o imperador Augusto, a região tornou-se parte da Germânia Superior e sua população, “romanizada”. Séculos depois, no período de decadência do Império, tribos alamanas (“bárbaras”) ali se estabeleceram, sendo posteriormente conquistada por Clóvis, rei dos francos, em 496 (embrião do futuro Sacro Império Romano-Germânico). Desde os romanos, aliás, uma cultura vinícola foi estabelecida na região, utilizando-se de uvas trazidas por estes, bem como variedades nativas.




Clóvis, Rei dos Francos (pintura de François-Louis Dejuinne).

  

            Até 1792, Pfalz permaneceu dividido em 45 territórios sob domínio da Igreja Católica, alguns de dimensões muito pequenas. No final do século XII, a região tinha alcançado o status de “Eleitorado”, tornando-se uma das sete regiões com o privilégio de poder eleger o imperador. Em 1797, contudo, a região localizada à margem esquerda do rio Reno foi anexada à França, então recém-saída de sua revolução, tornando-se o Departamento francês de Mont Tonnerre. Essa região englobava a maior parte do Palatinado, embora também houvessem partes de seu antigo território englobadas nos Departamentos do Sarre e Baixo Reno, também anexados à França.



 


Invasão dos exércitos de Napoleão ao território alemão.

  

            Em 1815 foi realizado o Congresso de Viena, reunião dos países europeus após a deposição e exílio de Napoleão Bonaparte, o qual havia conquistado boa parte do continente europeu no início do século XIX, com o intuito de tentar restabelecer a antiga ordem política e divisão geográfica do continente. Desta forma, Pfalz tornara-se novamente uma região soberana, porém vinculada ao Império Austríaco. No entanto, no ano seguinte, foi assinado um tratado entre este e a Baviera, onde o primeiro cedia diversos territórios ao segundo, entre eles boa parte do Palatinado. Assim, Pfalz torna-se o oitavo distrito do então Reino da Baviera. O distrito, então, passou a se chamar Rheinkreis, conforme regras da reorganização administrativa a qual a Baviera havia acabado de passar. Logo, porém, com a posse do rei Ludwig I, os distritos administrativos deveriam ser nomeados considerando seu passado histórico, motivo pelo qual seu nome foi definitivamente alterado para Pfalz.



 



O Congresso de Viena.



            Décadas depois, em 1920, o Palatinado tornou-se “moeda de pagamento” dos alemães para a Liga das Nações (embrião da futura ONU), em decorrência dos termos não cumpridos por aqueles do Tratado de Versalhes, assinado por vencedores e vencidos ao término da Primeira Guerra Mundial. Após revoltas separatistas na região, esta tornou-se novamente parte integrante da Baviera, situação que se manteve durante o regime nazista da Alemanha.



            No ano de 1934, foi registrada uma safra de uvas recorde na Alemanha, e a previsão para o ano seguinte era igualmente otimista. Assim, em 1935, Gauleiter Josef Burckel idealizou uma estrada que ligaria todas as regiões vinícolas alemãs, a fim de impulsionar o comércio e o turismo. Assim, nascia a Deutsche Weinstraße, ou Rota do Vinho Alemão. No entanto, seu trajeto encontra-se atualmente restrito às regiões de Pfalz e Rheinhessen.



 


Portal do Vinho Alemão: ponto de partida da Rota do Vinho Alemão, em Pfalz.



            Após a Segunda Guerra Mundial, a união do Palatinado com a Baviera foi dissolvida com a ocupação “aliada”, tendo permanecido sob a área de ocupação francesa. Estes reorganizaram a região, a qual foi agregada ao distrito de Rheinhessen, formando o Estado da Renânia-Palatinado (Rheinland-Pfalz), tendo sido este dissolvido em 2000. Embora a região produza ainda vinhos simples, os quais tornaram-se a tônica da indústria alemã a partir do Pós-Guerra, desde a promulgação da atual legislação alemã nos anos 1980 os vinhos de toda Alemanha (notadamente Pfalz) vêm retomando o antigo prestígio, atingindo alto nível de qualidade e preços consequentemente altos.




Sua Localização





Localização de Rheinland-Pfalz no território alemão.



            Pfalz localiza-se a sudoeste do território alemão, na margem oeste do rio Reno, ao norte da fronteira com a França e ao sul da região vinícola do Rheinhessen. Possui uma área de cerca de 20.000 km². Sua capital é Mogúncia, e a população, cerca de 4 milhões de habitantes.
 


 


Mapa vinícola da Alemanha (Pfalz em azul-claro).


 

Seu Clima e Solo


 


Vinícola Heinz Pfaffmann.


            De macroclima continental, Pfalz é uma região de clima suave e seco. Seus verões e outonos são relativamente quentes, o que a torna propícia para o cultivo de cepas nem sempre associadas à Alemanha. O principal motivo desse clima incomum é a “proteção” fornecida pelas Montanhas Haardt, continuação natural dos Vosges, localizados na Alsácia, França, cuja altura impede que frentes frias e precipitações adentrem o sul do território alemão.

            O solo é essencialmente de origem vulcânica, misturado com arenito, marga, calcário, argila. Também há “ilhas” de solos compostos essencialmente de ardósia.




Suas Sub-Regiões



 

Vinícola Müller-Catoir.



            Apesar de seu diminuto tamanho, Pfalz é dividida em 16 sub-regiões, conforme abaixo:

  • Bad Durkheim
  • Birkweiler
  • Burrweiler
  • Deidesheim
  • Forst an der Weinstrasse
  • Gimmeldingen
  • Godramstein
  • Haardt
  • Kallstadt
  • Konigsbach
  • Laumersheim
  • Ruppertsberg
  • Schweigen
  • Siebeldingen
  • Ungstein
  • Wachenhei

  

Suas Castas

           

            Ao associarmos as palavras “Alemanha” e “vinho”, é natural imaginarmos as charmosas garrafas no estilo “flute”, contendo vinhos brancos. É um fato, assim como é um fato que, a despeito disso, Pfalz é a mais “vermelha” das regiões alemãs. Cerca de 40% do vinho ali produzido é tinto.




 


Garrafa no formato Flute.

  

            A cepa predominante na região é a clássica Riesling, nativa do norte europeu. De elevada acidez, amadurecimento tardio e longevidade na garrafa, possui grande resistência aos climas frios da Alemanha, e pode dar origem a grandes vinhos secos, como rótulos doces de elevada qualidade.






 


Riesling.



            Do lado “tinto”, a variedade predominante é a Dornfelder, cepa que não costuma dar origem a grandes vinhos. Porém, costuma dar bons resultados quando envelhecida em barricas novas.



 


Dornfelder.



            Deve-se mencionar, contudo, o crescente interesse alemão pela cepa tinta Pinot Noir (em alemão, Spätburgunder), casta que vem se tornando comum em Pfalz. De grande resistência a climas frios e origem de vários “clones”, esta cepa de origem francesa (Borgonha) depende muito do terroir em que é cultivada para expressar os seus aromas e sabores. Sua qualidade, apesar de crescente, é ainda discutível na maior parte das áreas de cultivo. Em Pfalz (e na Alemanha em geral) têm sido obtidos bons resultados com esta cepa, porém ainda distantes do nível atingido em sua terra natal.
 


 


Pinot Noir.



            Também são cultivadas em Pfalz a cepa tinta Portugieser e as brancas Pinot Blanc, Gewurztraminer, Müller-Thurgau (origem dos famosos Liebfraumilch, “vinhos da garrafa azul”, como eram conhecidos popularmente no Brasil – porém estes são produzidos, sobretudo, na vizinha Rheinhessen) e Pinot Gris.




Seus Principais Produtores
 

            Segue lista de alguns produtores de destaque da região de Pfalz:
 

  • Klaus Neckerauer;
  • Werle;
  • J.F. Kimich;
  • Kurt Darting;
  • Eugen Müller;
  • Weingut Müller Catoir;
  • Weingut K & H;
  • Lingenfelder;
  • Bürklin-Wolf;
  • Weingut Kloster Heilsbruck;
  • Schloss Wachenheim;
  • Weingut Heinz Pfaffmann;
  • Weingut Gries.





Vinho Degustado: Pfaffmann Riesling QbA 2013



 




A Heinz Pfaffmann é uma tradicional vinícola, fundada em 1616, ou seja, com 400 anos de idade. Após 17 gerações, a já quase centenária matriarca, Emma Pfaffmann, até hoje faz questão de colher as uvas utilizadas em seus vinhos de estilo Auslese e Spätlese (grosso modo, secos com algum dulçor). O rótulo avaliado é um QbA (Qualitätswein Bestimmter Anbaugebiete), denominação equivalente ao IGP utilizado na União Européia.


Análise Visual:

Límpido, de baixa intensidade na coloração, borda incolor, núcleo palha com um tom esverdeado;


Análise Olfativa:

Aroma de média para alta intensidade, predominantemente primário, mineral, algo petrolífero, frutas brancas;


Análise Gustativa:

Meio seco, de alta acidez, sabor de alta intensidade, com forte mineral, fruta branca; corpo médio, álcool idem, persistência média para alta.



Considerações Finais:

Fresco, típico da cepa, gostoso. A beber solo ou acompanhado de ostras frescas e saladas.
  

Pontuação: 90 FRP







Vinho Degustado: Heinz Pfaffmann Riesling Trocken 2012




 
Análise Visual:

Límpido, de média intensidade, de borda incolor e núcleo amarelo palha, pendendo para o dourado;




Análise Olfativa:

Aromas de média intensidade, primários, bastante mineral e frutas brancas, com notas cítricas;




Análise Gustativa:

Seco, de acidez média para alta, sabor de média intensidade, remetendo a frutas secas. Médio corpo, alcool discreto; persistencia alta.




Considerações Finais:

Delicado e altivo, classudo. Acompanha aves grelhadas, frutos do mar e carnes suínas leves. Excelente vinho.

  

Pontuação: 92 FRP











Bibliografia:

LAROUSSE, Larousse do Vinho, 2007. Larousse do Brasil.




sábado, 6 de agosto de 2016

Produtores: Lapostolle







            Fala-se, frequentemente (na verdade, o verbo acusa-se é mais correto) na “internacionalização” do vinho sul-americano. Por internacionalização entende-se o direcionamento do perfil dos rótulos produzidos a fim de atender o mercado consumidor europeu e norte-americano, seus principais compradores. Trata-se de uma meia-verdade: realmente, o viés financeiro têm sua parcela de responsabilidade. No entanto, o perfil do enófilo sul-americano e suas preferências também buscam referência no Velho Mundo. Não se trata, no entanto, de algo ruim: a Europa é um mosaico de cepas, estilos, terroirs que, aos poucos, vêm tentando ser refletidos e adaptados aos solos e microclimas sul-americanos, muitas vezes com sucesso. Um desses “casos” de sucesso, sem dúvida, é a Lapostolle que, como o próprio slogan diz, é francesa em sua essência, porém chilena de nascimento.
           




O Produtor



Vinhedos da Lapostolle no Vale de Apalta, microrregião localizada no Vale de Colchagua, Chile.



A Lapostolle foi fundada no ano de 1994, pelos franceses Alexandra Marnier Lapostolle e Cyril de Bournet, seu marido, em conjunto com o chileno José Rabat Gorchs. Alexandra é a herdeira natural do patrimônio da família Marnier-Lapostolle, criadores do famoso licor Grand Marnier.





Licor Grand Marnier.



            Além da produção de licores, a família já possuía reputação com seus vinhos no Velho Mundo, porém desejava explorar os terroirs sul-americanos, então em voga entre os apreciadores de vinho. A opção inicial de Alexandra era por Mendoza, na Argentina. No entanto, as travas aduaneiras impostas pelo governo argentino à época a desestimularam, e a futura vinícola Lapostolle viria a instalar-se no Vale de Colchagua, no Chile, região que já demonstrara seu potencial para a produção de conceituados vinhos, os quais viriam no futuro a serem denominados superchilenos.

            O infortúnio propiciado pela Argentina aos planos dos Lapostolle não poderia ter sido mais oportuno: foi adquirida uma área no chamado Vale de Apalta, dentro de Colchagua. Os microclimas ali existentes são considerados ideais para a produção de vinhos tintos de excepcional qualidade, em geral de perfil robusto e de guarda. Some-se ao fato de que a família não poupou recursos para explorar ao máximo as peculiaridades do terroir: o renomado e experiente enólogo francês Michel Rolland foi contratado como consultor da jovem vinícola. Como atestado da grandiosidade do projeto de Alexandra, foi construida uma imponente sede, cuja arquitetura assinada pelo chileno Roberto Benavente simboliza o ciclo da vida de um vinho, e os setores dos seus andares obedecem a este conceito.





Michel Rolland, enólogo francês, consultor da Lapostolle até os dias atuais.




Não tardaria para os primeiros frutos serem colhidos: em 2003, menos de 10 anos após a sua fundação, o seu principal vinho, o Clos Apalta (safra 2000) obteria a terceira colocação no Top 100 da prestigiosa Wine Spectator. Cinco anos depois, em 2008, a safra 2005 do vinho homônimo foi eleito o “Vinho do Ano” pela mesma publicação, atingindo a pontuação mais elevada já dada pela Wine Spectator a um vinho sul-americano (96 pontos).

Atualmente, a Lapostolle possui, além do vinhedo de Apalta (exclusivo para a produção do icônico Clos Apalta e de seu outro superchileno, o Borobo – vinho de produção limitadíssima, criação exclusiva de Michel Rolland) vinhedos no Vale de Casablanca, no vizinho Vale de Cachapoal e em Cauquenes, no Vale do Maule. Sua linha inclui, além dos vinhos já citados, os rótulos Casa, Le Rosé, Canto de Apalta e Cuvée Alexandre, produtos constantemente alvo de premiações em concursos internacionais. O blog esteve recentemente na sede do Vale de Apalta, onde participou de uma degustação a qual incluiu as linhas Casa (Sauvignon Blanc), Cuvée Alexandre (Merlot) e Clos Apalta (blend de uvas tintas) - veja abaixo - e pode atestar o esmero e refinamento dedicados à produção dos seus vinhos.




Detalhe interno da sede da vinícola no Vale de Apalta, cujo ciclo em espiral simboliza o ciclo da vida de um vinho.





Sala de degustação da sede do Vale de Apalta.




Seu Legado



Detalhe da sede da vinícola no Vale de Apalta, com este ao fundo. As colunas de madeira, 24 no total, simbolizam a quantidade de meses que o seu principal vinho (o Clos Apalta, ali produzido) passa em repouso nas barricas de carvalho, antes de ser lançado.




            Certamente o Chile possui alguns dos terroirs do chamado “Novo Mundo” mais próximos do que foi a Europa antes do avanço da filoxera. Naturalmente, seu território tornou-se palco do surgimento de rótulos com potencial para desbancar, em concursos, algumas das “estrelas” européias. Ao levar “ao extremo” a aplicação das técnicas européias em território sul-americano e contribuir de forma decisiva para o estrelato dos vinhos chilenos, esse talvez seja o maior legado deixado pela vinícola, confirmando em definitivo que, sim, a América do Sul pode desempenhar papel de protagonista no mundo do vinho.




Lapostolle.









Vinho Degustado: Lapostolle Casa Grand Selection Sauvignon Blanc 2015





           

Análise Visual:

Límpido e de intensidade baixa, apresentou borda incolor e núcleo amarelo palha;


Análise Olfativa:

            Aromas apresentando média intensidade, primários, contendo abacaxi e maracujá em profusão; leve herbáceo;
           

Análise Gustativa:

            Seco e de acidez equilibrada, sabor intenso de abacaxi, maracujá e muito herbal. Corpo médio para baixo, álcool idem; persistência média.


Considerações Finais:

            Com certa elegância para um Sauvignon Blanc, de boa tipicidade de cepa e região: pronto para beber. Ostras, petiscos a base de carne branca e salada caprese são sugestões de harmonização.


Pontuação: 90 FRP









Vinho Degustado: Lapostolle Cuvée Alexandre Merlot 2013 








Análise Visual:

Límpido e de intensidade média em sua coloração, apresentou borda rubi clara e núcleo rubi;


Análise Olfativa:

            Aromas apresentando média intensidade, secundários, com boa baunilha, tostado e fruta negra madura;
           

Análise Gustativa:

            Seco, possui acidez média para baixa e taninos destacados; sabor de intensidade média para alta, defumado, com fruta compotada e café. Elegante no corpo e no álcool, de ótima persistência.

Considerações Finais:

            Típico quanto à cepa, bordalês, fino: pode ser bebido agora ou guardar por cerca de 3 anos. Cordeiro assado, javali, risoto milanês são sugestões de harmonização.   


Pontuação: 92 FRP








Vinho Degustado: Lapostolle Clos Apalta 2011 (Carmenère, Cabernet Sauvignon e Merlot)







Análise Visual:

Límpido e de intensidade alta, apresenta borda rubi e nucleo rubi escuro;


Análise Olfativa:

            Aromas de média a alta intensidade, de caráter terciário, contemplando couro, resina, especiarias, tostado e alguma fruta negra;
           

Análise Gustativa:

            Seco e de acidez média para baixa, taninos austeros e elegantes, seu sabor é de alta intensidade, remetendo a fruta negra madura ainda com algum frescor e um toque defumado e de especiarias. Encorpado e de álcool de intensidade média para alta, muito persistente na boca.


Considerações Finais:

            Poderoso, elegante, complexo aromaticamente e de excepcional evolução: pode ser bebido ou guardado por um bom tempo. Javali assado, cordeiro e aves de carne mais encorpada são sugestões de harmonização.


Pontuação: 96 FRP







Fontes:

Lapostolle:




sexta-feira, 1 de julho de 2016

Valle de Colchagua






Sede da vinícola Viu Manent.



            O mundo do vinho possui diversos tipos de divisões, e uma das mais comumente consideradas é a separação entre os países produtores: países do “Velho Mundo” (Europa) e do “Novo Mundo”. Este inclui diversas “estrelas emergentes” e outros países já consolidados no cenário mundial vinícola, tais como Estados Unidos, Austrália e Chile.


            Este último têm recebido, nas últimas décadas, a atenção e investimentos de diversos grupos e produtores europeus, interessados no terroir “protegido” do país (barreiras naturais, como o Oceano Pacífico, os Andes, a Patagônia e o Atacama impediram que a filoxera chegasse ao país, por exemplo). As possibilidades são ilimitadas, para o deleite dos enólogos que ali se fixaram. O resultado: vinhos premiados e reconhecidos mundialmente, obtendo elevadas notas entre os grandes críticos. Um dos reflexos deste sucesso obtido foi o surgimento de vinhos de elaborados assemblages, os quais ficaram conhecidos como vinhos “superchilenos”, vinhos cultuados, de sofisticada produção e elevado preço. E um dos principais (talvez o principal) pólo produtor é o Valle de Colchagua.




Sua História


            A palavra Colchagua deriva do idioma dos mapuches (povo indígena habitante do centro-sul chileno) e significa “lugar onde nidificam a huala”. A huala é um tipo de ave, parente dos mergulhões, comum naquela região e sagrada para este povo, que originalmente habitava o vale.


           Os mapuches que ali viviam foram dominados pelos incas por volta do século XV, onde foi estabelecido o limite sul de seu império. A região transformara-se em pólo agricultural, e sofisticados sistemas de irrigação foram implantados para o seu desenvolvimento. Este domínio, porém, teve curta duração, uma vez que logo os colonizadores espanhóis chegariam a região, submetendo os incas.



Mapuches submetidos aos colonizadores espanhóis.


Uma vez estabelecidos na região, aqueles implantaram o sistema de encomiendas, no qual uma pessoa seria a responsável pelo recolhimento de tributos junto à população local. Para esta função, foi designada a “Doña” Inés de Suárez (companheira de Pedro de Valdivia, “descobridor” do Chile, que trouxe consigo a Ordem Católica dos Missionários Jesuítas, a fim de catequizar os nativos.



Doña Inés de Suárez,”encomendera” da região.



Com os jesuítas, vieram as primeiras vinhas, da cepa país, para produção do vinho da celebração das missas. Até hoje, a cepa país é cultivada no Chile. Logo estabeleceriam-se latifundiários e pecuaristas na região, que tornariam-se base da economia local e nacional até o momento.



Cepa País.


            No entanto, logo seriam descobertas grandes jazidas de diversos minérios no país, com destaque para o cobre, e este tornar-se-ia a base da economia chilena. Com o seu auge no século XIX, as famílias detentoras dos direitos de mineração investem na vitivinicultura, trazendo da Europa as ditas cepas “finas”, como Cabernet Sauvignon, Merlot, Carmenère e Malbec, as quais eram consideradas de melhor qualidade em relação às espanholas. A boa adaptação destas cepas ao terroir da região logo permitiria o início das exportações e progressiva consolidação tanto dela quanto do país no cenário vitivinícola.

            Uma vez que o país não foi devastado pela praga da filoxera, que assolou o mundo na segunda metade do século XIX, é possível encontrar em Colchagua videiras centenárias: dada a sua idade, tais plantas dão origem a vinhos muito profundos, que permitem ao Chile se posicionar de forma destacada no mercado mundial até os dias de hoje e a produção dos ícones “superchilenos”, já citados. Uma prova disso é o recebimento, pelo Valle de Colchagua, do título de “Melhor Região Vitivinícola do Mundo” em 2005, primeira região da América do Sul a receber tal honraria.


           

Sua Localização






Localização do Valle de Colchagua (à direita) e localização de suas principais vinícolas (à esquerda).




            O Valle de Colchagua localiza-se no centro do Chile, a cerca de 130 km ao sul de Santiago. Encontra-se delimitado ao norte pelo Valle de Cachapoal (juntos, contemplam o chamado Valle de Rapel), a oeste pelo Oceano Pacífico, ao sul pelo Valle de Curicó e Valle do Maule e a leste pelos Andes. Estende-se por 120 km no sentido Leste-Oeste, e é cortado pelo Rio Tinguiririca. Suas principais cidades são Santa Cruz e San Fernando.


            É também cortado pela “Ruta del Viño”, roteiro turístico que cobre diversas regiões vitivinícolas do Chile.





Seu Clima e Solo



            O clima predominante na região é do tipo mediterrâneo, temperado, com grande estabilidade em sua temperatura, que varia entre 12ºC e 28ºC no verão (quente e seco) e 4ºC e 12ºC no inverno (frio e úmido). Assim, as safras apresentam boa regularidade na sua qualidade que, somado à quase ausência de chuvas, permite o amadurecimento adequado dos frutos. Também exercem importante influência o Oceano Pacífico e a Corrente de Humboldt.



      Em relação ao solo, é correto afirmar que o mesmo varia conforme o relevo: nas regiões planas, predomina o solo argiloso e de aluvião. No sopé da montanha, também predomina a argila, misturada com os materiais trazidos pelos Andes. Por fim, nos “cerros”, o solo é essencialmente granítico, de grande inclinação, média profundidade e ótima drenagem.



            Cabe lembrar que, devido à proximidade dos Andes, sua água pura irriga de forma satisfatória os solos do vale, contribuindo significativamente na qualidade das uvas geradas.





Suas Sub-Regiões





Vinhedos da Casa Lapostolle, uma das principais vinícolas do Valle de Apalta, o mais renomado “terroir” do Valle de Colchagua.




O Valle de Colchagua é uma DO (Denominación de Origen) chilena, dividida em sub-regiões, nem todas produtoras de vinhos. Não há legislação específica para estas; segue listagem das sub-regiões abaixo:



-           Pichilemu;

-           Paredones;

-           Pumanque;

-           Marchilue;

-           Lolol (produz vinhos);

-           Santa Cruz (produz vinhos);

-           Peralillo (produz vinhos);

-           Chépica (produz vinhos);

-           Nancagua;

-           Placilla;

-           Chimbarongo (produz vinhos);

-           Palmilla (produz vinhos);

-           San Fernando (produz vinhos);




O afamado Valle de Apalta, origem de portentosos vinhos “superchilenos”, localiza-se na sub-região de Santa Cruz.




Suas Castas


                 Ao invocarmos as palavras “Chile” e “vinho”, há uma natural associação com a cepa tinta Carmenère, em especial no Brasil. Embora redescoberta nos anos 1990 no país, e até então confundida com a Merlot, a Carmenère não é necessariamente a cepa de maior sucesso e adaptação ao território chileno. Este título cabe à também tinta Cabernet Sauvignon.






Cabernet Sauvignon.




            Cepa tinta amplamente cultivada em todo o planeta, a Cabernet Sauvignon têm sua origem em Bordeaux, França, onde dá origem a alguns dos grandes vinhos do mundo. Também encontrou sucesso na Toscana (Itália), no sul da Austrália, Estados Unidos e no Chile, onde é a base para poderosos vinhos de guarda, cultuados no mundo inteiro. De amadurecimento tardio e bom rendimento, prefere climas temperados e com influências oceânicas, caso do Valle de Colchagua.


            A Carmenère é uma cepa de origem francesa, cultivada também na região de Bordeaux e no sudoeste francês antes da praga da filoxera assolar seus vinhedos no século XIX. Acreditava-se estar extinta: porém, nos anos 1990, foi identificada no Chile, porém não mais cultivada na França. De caráter mais robusto em relação à Merlot (cepa a qual era então confundida no país), possui predileção também por climas temperados, como a Cabernet Sauvignon. No Chile também costuma ser a base de grandes vinhos, em corte normalmente minoritário em relação à Cabernet Sauvignon.





Carmenère.



            Também são cultivadas com sucesso no Valle de Colchagua as cepas tintas Syrah e Merlot, bem como um interesse crescente no cultivo de cepas brancas como Chardonnay e Sauvignon Blanc.




Seus Principais Produtores


            Seguem nomes dos principais produtores do Valle de Colchagua:


  • Bisquertt
  • Montes
  • Casa Silva
  • Neyen
  • Koyle
  • Santa Cruz
  • Lapostolle
  • Los Vascos
  • Siegel
  • Luis Felipe Edwards
  • Ventisquero
  • Montgras
  • Viu Manent




Vinhos Degustados


            O Blog O Mundo e o Vinho teve a oportunidade de recentemente visitar o Valle de Colchagua e constatar a elevada qualidade dos vinhos ali produzidos. Seguem os vinhos degustados, a maioria in loco nas vinícolas:





Vinho Degustado: Montes Reserva Malbec 2014 (Valle de Colchagua)





A Viña Montes originou-se de um sonho de Aurelio Montes e Douglas Murray, profissionais do mundo vinícola que desejavam produzir rótulos de altíssima qualidade. Fundaram a vinícola no Valle de Apalta no ano de 1987 com o nome de Discover Wine, e no ano seguinte, uniram-se Alfredo Vidaurre e Pedro Grand ao empreendimento. Seu primeiro vinho foi o Montes Alpha Cabernet Sauvignon, já exportado em seu primeiro ano, obtendo reconhecimento quase instantâneo. Trata-se de uma vinícola marcada pelo pioneirismo: foi a primeira a plantar em encostas no Valle de Apalta, e a primeira a plantar a cepa tinta Syrah nesta região. Em 1996, lançam o primeiro vinho “superchileno”, o Montes Alpha “M”; seguem-se o Folly, varietal de Syrah de produção muito limitada, e o Purple Angel, primeiro vinho “superchileno” varietal da cepa Carmenère. Ao vinho:


Análise Visual

Visual límpido, de alta intensidade, borda rubi, núcleo rubi escuro;


Análise Olfativa

Aroma de média para alta intensidade, secundário, apresentando baunilha, tostado, chocolate amargo e mentolado;


Análise Gustativa

Seco, acidez de média para baixa, taninos médios, elegantes; sabor com intensidade média para alta, contemplando frutas maduras, chocolate e defumado. Corpo equilibrado, álcool idem, persistência média para alta.


Considerações Finais

           Gostoso, com alguma jovialidade ainda, cheio na boca. Bom acompanhamento para churrasco, aves assadas e pernil de porco.


Pontuação: 91 FRP






Vinho Degustado: Viu Manent Gran Reserva Chardonnay 2015





A Viu Manent é uma vinícola formada em 1935, propriedade da família Viu. Oriundos da Catalunha, Miguel Viu e seus filhos Agustín e Miguel fundam a vinícola em Santiago, inicialmente dedicando-se ao comércio e engarrafamento de vinhos para o mercado local (os vinhos eram vendidos como “Vinos Viu”). Em 1966, adquiriram a Fazenda San Carlos de Cunaco, em Colchagua, realizando o antigo sonho de produzir seus próprios vinhos. Tratava-se de um tradicional vinhedo, de 150 hectares contendo videiras pré-filoxera. Atualmente a Viu Manent possui vinhedos também em Mendoza, Argentina. Ao vinho:


Análise Visual:

Límpido e de baixa intensidade, apresentou-se incolor em sua borda e um amarelo palha em seu núcleo;


Análise Olfativa:

Aromas primários e de média intensidade, contendo toques florais e intenso abacaxi e maracujá;


Análise Gustativa:

Seco, de alta acidez, apresenta média intensidade em seu sabor, que remete a abacaxi. Médio corpo, álcool leve, persistência média para alta.


Considerações Finais:

            Jovial, bem feito, saboroso, pronto para beber. Frutos do mar, peixes e risotos de sabor leve são bom acompanhamento.


Pontuação: 90 FRP






Vinho Degustado: Viu Manent Reserva Carmenère 2015




Análise Visual:

Límpido e de média intensidade, apresentou cor rubi-clara em sua borda e um belo rubi em seu núcleo;


Análise Olfativa:

Aromas de ótima qualidade, de intensidade média para alta, primários, contendo cereja negra e especiarias;


Análise Gustativa:

            Seco, apresentou alta acidez dada a sua idade, taninos médios, finos; sabor com intensidade média para alta, remetendo a frutas negras e especiarias. Corpo de médio para alto, álcool equilibrado e muito persistente.


Considerações Finais:

            Novo, suculento, ainda com longa evolução a percorrer. Aves assadas e pernil de porco são sugestões de acompanhamento.    


Pontuação: 90 FRP






Vinho Degustado: Viu Manent Gran Reserva Malbec 2014



Análise Visual:

Límpido e de média para alta intensidade em sua coloração, apresentou cor rubi-clara em sua borda e rubi escuro em seu núcleo;


Análise Olfativa:

Aromas de boa qualidade, de intensidade média, secundários, contemplando tostado, fruta negra e toques amanteigados;


Análise Gustativa:

        Seco, contém média acidez e taninos destacados, porém deliciosos. Sabor de média intensidade, contendo tostado e baunilha, bem como fruta negra; corpo médio para alto em intensidade, alcoólico e de grande persistência.


Considerações Finais:

      Em franca evolução, com elegância e boa estrutura: boa tipicidade quanto à cepa. Carré de cordeiro, risoto de molhos condimentados e churrasco são boas companhias para este belo e fino Malbec.


Pontuação: 92 FRP






Vinho Degustado: Secreto de Viu Manent Cabernet Sauvignon 2015




Análise Visual:

Límpido e de média intensidade, apresentou cor rubi-clara em sua borda e um rubi no núcleo;


Análise Olfativa:

Aromas de ótima qualidade, de intensidade média, primários, contendo muita fruta madura;


Análise Gustativa:

            Seco, apresentou média acidez e taninos macios, leves. Intensidade de sabor média, contendo muita fruta negra madura. Corpo médio, baixo em álcool, é bem persistente na boca.


Considerações Finais:

           Novo e frutado, gostoso: muito a evoluir. Aves grelhadas, costela de porco e cordeiro assado são sugestões de acompanhamento.           


Pontuação: 91 FRP






Vinho Degustado: Viu Manent Single Vineyard “El Olivar Alto” Syrah 2013




Análise Visual:

Límpido e de intensidade média, apresentou cor rubi-clara em sua borda e núcleo rubi;


Análise Olfativa:

      Aromas de excelente qualidade, de alta intensidade e natureza secundária, contendo condimentos, especiarias, baunilha e muita fruta negra madura;


Análise Gustativa:

            Seco, apresentou acidez média e taninos intensos, sem serem agressivos; ótima intensidade no sabor, que traz muito condimento e especiarias à boca. Encorpado e de álcool equilibrado, muito persistente.


Considerações Finais:

            Poderoso, muita tipicidade quanto à cepa, picante: ainda pode evoluir por mais 4 ou 5 anos. Ensopados, carnes assadas ao forno e massas com molho condimentado são sugestões para harmonização.


Pontuação: 94 FRP








Vinho Degustado: Lapostolle Casa Grand Selection Sauvignon Blanc 2015





            A Lapostolle é uma vinícola jovem: nasceu em 1994, fundada pelos franceses Alexandra Marnier Lapostolle e seu marido, Cyril de Bournet. A família Marnier-Lapostolle detém a produção do afamado licor Grand Marnier, e já produzia vinhos em território francês. No entanto, buscavam um terroir “puro”, livre de pragas e onde pudessem desenvolver vinhos de qualidade excepcional. Encontraram no Chile os terroirs almejados, em especial no Valle de Apalta, berço de seus dois grandes ícones: o inusitado Borobo, corte das cepas tintas bordalesas, Carmenère, Syrah e Pinot Noir (seu nome é uma corruptela das iniciais das regiões de maior prestígio das cepas – BOrdeaux + Rhône, ou RÓdano em português/espanhol + BOrgonha) e o premiado Clos Apalta, vinho cuja safra 2005 foi eleita, em 2008 pela prestigiosa Wine Spectator, o melhor vinho do mundo, projetando definitivamente o Valle de Colchagua no mapa vinícola mundial. Atualmente a vinícola é administrada pelo filho de Cyril e Alexandra, Charles Lapostolle. Ao vinho:


Análise Visual:

Límpido e de intensidade baixa, apresentou borda incolor e núcleo amarelo palha;


Análise Olfativa:

          Aromas apresentando média intensidade, primários, contendo abacaxi e maracujá em profusão; leve herbáceo;
           

Análise Gustativa:

         Seco e de acidez equilibrada, sabor intenso de abacaxi, maracujá e muito herbal. Corpo médio para baixo, álcool idem; persistência média.


Considerações Finais:

         Com certa elegância para um Sauvignon Blanc, de boa tipicidade de cepa e região: pronto para beber. Ostras, petiscos a base de carne branca e salada caprese são sugestões de harmonização.


Pontuação: 90 FRP







Vinho Degustado: Lapostolle Cuvée Alexandre Merlot 2013 




Análise Visual:

Límpido e de intensidade média em sua coloração, apresentou borda rubi clara e núcleo rubi;


Análise Olfativa:

           Aromas apresentando média intensidade, secundários, com boa baunilha, tostado e fruta negra madura;


Análise Gustativa:

            Seco, possui acidez média para baixa e taninos destacados; sabor de intensidade média para alta, defumado, com fruta compotada e café. Elegante no corpo e no álcool, de ótima persistência.


Considerações Finais:

            Típico quanto à cepa, bordalês, fino: pode ser bebido agora ou guardar por cerca de 3 anos. Cordeiro assado, javali, risoto milanês são sugestões de harmonização.     


Pontuação: 92 FRP







Vinho Degustado: Lapostolle Clos Apalta 2011 (Carmenère, Cabernet Sauvignon e Merlot)






Análise Visual:

Límpido e de intensidade alta, apresenta borda rubi e nucleo rubi escuro;


Análise Olfativa:

            Aromas de média a alta intensidade, de caráter terciário, contemplando couro, resina, especiarias, tostado e alguma fruta negra;
      

Análise Gustativa:

            Seco e de acidez média para baixa, taninos austeros e elegantes, seu sabor é de alta intensidade, remetendo a fruta negra madura ainda com algum frescor e um toque defumado e de especiarias. Encorpado e de álcool de intensidade média para alta, muito persistente na boca.


Considerações Finais:

            Poderoso, elegante, complexo aromaticamente e de excepcional evolução: pode ser bebido ou guardado por até 5 anos. Javali assado, cordeiro e aves de carne mais encorpada são sugestões de harmonização.


Pontuação: 96 FRP







Fontes:

Ruta del Vino:
http://www.rutadelvino.cl/valle-de-colchagua/

Clube dos Vinhos: Um Passeio pelo Vale do Colchagua:

Colchagua Valley:
http://www.colchaguavalley.cl/vinas-de-colchagua/

Wikipedia:
http://pt.wikipedia.org

Lapostolle:
http://www.lapostolle.com

Viu Manent:
http://www.viumanent.cl

Montes Wines:
http://www.montesvines.com