Ilustração do início
do século XIX representando Paula Jaraquemada sendo interrogada por soldados da
Coroa Espanhola, em busca dos 120 soldados pró-independência.
A
independência do Chile foi obtida em 1818, e a “Hacienda” viveu dias tranquilos
a partir de então. Os anos se passaram e, em paralelo, no ano de 1880, o
empresário chileno Domingos Fernández Concha fundara a Viña Santa Rita; enófilo
convicto, deu início ao cultivo de cepas viníferas internacionais na região,
próxima à Hacienda de Paine. Naturalmente, o Chile é um país bastante
afortunado: possui proteções em seus limites contra pragas como a filoxera –
pulgão que provocara enorme devastação nas vinhas ao redor do mundo, àquela
época – possui a Cordilheira dos Andes como fonte de água puríssima para o
ciclo de vida da videira, bem como diversos microclimas, muitos semelhantes aos
europeus. Para Domingos, no entanto, isso não era suficiente: trouxe enólogos
renomados e utilizou técnicas ainda incomuns para o plantio e vinificação no
país. O resultado foram vinhos que possuiam qualidade superior aos demais
produtos chilenos.
Domingo Fernández Concha (1838-1910), fundador da vinícola.
Durante
o século XX, a vinícola mantivera boa reputação nacional e internacional, porém
era necessário dar um passo adiante: as técnicas de viticultura e vinificação,
os estudos sobre o clima e solo tornaram-se muito importantes. A vinícola, que
primara pelo pioneirismo em técnicas no século anterior, estava apoiada em
bases e uma filosofia bastante tradicional. O passo foi dado somente em 1980:
uma joint-venture entre o grupo chileno Claro e a estadunidense Owens
Illinois adquirira a vinícola, e iniciou uma revolução em seus processos produtivos.
A partir de 1985, aumenta expressivamente a participação da vinícola no mercado
internacional e, dois anos depois, adquire a marca Carmen, de grande prestígio.
O
impulso dado pelo maior volume de exportações e o reconhecimento da crítica
especializada à qualidade dos vinhos permitiu à Viña Santa Rita ampliar seus
vinhedos pelas diversas regiões do Chile, muitas ainda a serem exploradas,
naquela época: surgiram vinhos produzidos no Valle do Rapel, Casablanca e Apalta,
entre outras regiões. Em meados dos anos 1990, Ricardo Claro Valdés, então
único proprietário da vinícola – o grupo Owens Illinois deixara o negócio –
adquirira a antiga Hacienda de Paine – rebatizada de Hacienda Santa Rita, que
tornaria-se a principal sede da vinícola, berço dos principais rótulos da Santa
Rita.
Atualmente
a vinícola é uma das maiores do país, com milhares de hectares espalhados pelas
principais regiões do Chile, possui sociedade com a argentina Viña Doña Paula e
marcante penetração nos mercados internacionais, inclusive o Brasil. Em sua
sede no Valle do Maipo, há um importante museu – Museo Andino – que possui
excepcional coleção de artefatos, objetos e registros históricos e
pré-históricos dos povos pré-colombianos no Chile, bem como uma infra-estrutura
excepcional, voltada ao enoturismo. Estando muito próximo à cidade de Santiago,
tornou-se naturalmente um dos principais pontos turísticos visitados do país.
A Hacienda de Paine – atual Hacienda
Santa Rita – nos dias de hoje.
O antigo porão onde os soldados
pró-independência se esconderam na Hacienda de Paine tornou-se o espaço para
degustação dos vinhos da Santa Rita, atualmente.
Entrada do Museo Andino, que contém
importante acervo pré-colombiano.
Santa Rita.
Degustação – Vinhos Santa Rita
O
Mundo e o Vinho esteve na vinícola Santa Rita no mês de Junho/2016 – sede
de Alto Jahuel, Valle do Maipo, onde, além de comprovar a riqueza histórica e o
cuidado da vinícola em sua produção, teve a oportunidade de degustar os vinhos
abaixo:
Vinho Degustado: Santa Rita Reserva
Sauvignon Blanc 2015
Análise
Visual:
Límpido e
de intensidade baixa em sua coloração, apresentou borda incolor e núcleo
amarelo palha;
Análise
Olfativa:
Aromas
apresentando alta intensidade, primários, contendo abacaxi e pimentão em
profusão, bem como o característico herbáceo desta cepa;
Análise
Gustativa:
Seco
e de acidez equilibrada, sabor intenso de abacaxi e muito herbal. Corpo médio,
álcool idem; persistência média para alta na boca.
Considerações
Finais:
Um
típico Sauvignon Blanc do Novo Mundo, bastante vivo e agradável: pronto para
beber. Ostras, petiscos à base de frutos do mar como sugestões de harmonização
ou mesmo solo.
Pontuação:
89 FRP
Vinho Degustado: Santa Rita Reserva
Carmenere 2013
Análise
Visual:
Límpido e
de intensidade média para alta em sua coloração, apresentou borda rubi e núcleo
rubi escuro na taça;
Análise
Olfativa:
Aromas
apresentando média intensidade, secundários, com muito defumado, frutas negras
maduras e baunilha;
Análise
Gustativa:
Seco,
possui acidez média e taninos médios para baixos; sabor de intensidade média,
defumado e frutas maduras. Elegante no corpo e no álcool, bem integrados, de
ótima persistência, de média para alta;
Considerações
Finais:
Um
bom Carmenere, com evolução por mais 4 anos, elegante e correto. Um pernil
assado ou risoto piemontês são sugestões de harmonização.
Pontuação:
92 FRP
Vinho Degustado: Santa Rita Medalla Real
Gran Reserva Cabernet Sauvignon 2012
Análise
Visual:
Límpido e
de intensidade alta, apresenta borda rubi e núcleo rubi escuro;
Análise
Olfativa:
Aromas
de média intensidade, secundários, contemplando cedro, eucalipto e chocolate
amargo;
Análise
Gustativa:
Seco
e de acidez média, taninos médios para altos, sabor intenso remetendo a
chocolate amargo e frutas negras. Encorpado e de alcool equilibrado, muito
persistente.
Considerações
Finais:
Fino,
em franca evolução e imponente: um típico grande vinho chileno. Pode evoluir
entre 8 e 10 anos. Cortes bovinos suculentos e macios, aves de carne delicada e
cordeiro assado são boas companhias para este belo vinho.
Pontuação:
94 FRP
Fontes:
Viña Santa Rita: